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CELEBRAÇÃO MATUTINA TRANSMITIDA AO VIVO
DA CAPELA DA CASA SANTA MARTA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

"As três dimensões da vida cristã: eleição, promessa, aliança"

Quinta-feira, 2 de abril de 2020

[Multimídia]


 

Introdução

Estes dias de dor e tristeza evidenciam muitos problemas escondidos. No jornal, hoje, há uma fotografia que comove o coração: tantos desabrigados de uma cidade, deitados num estacionamento, sob observação... há muitos desabrigados atualmente. Peçamos a Santa Teresa de Calcutá que desperte em nós o sentimento de proximidade a tantas pessoas que na sociedade, na vida normal, vivem escondidas mas, como os desabrigados, no momento da crise, vivem assim.

Homilia

O Senhor sempre se lembrou da sua aliança. Repetimo-lo no Salmo responsorial (cf. Sl 105, 8). O Senhor não esquece, Ele nunca esquece. Sim, Ele só esquece num caso, quando perdoa os pecados. Depois que perdoa, perde a memória, não se lembra dos pecados. Noutros casos, Deus não esquece. A sua fidelidade é memória. A sua fidelidade ao seu povo. A sua fidelidade a Abraão é memória das promessas que Ele fez. Deus escolheu Abraão para percorrer um caminho. Abraão é um escolhido, ele foi um escolhido. Deus elegeu-o. Então, nessa eleição prometeu-lhe uma herança e hoje, no trecho do Livro do Génesis, há um passo a mais. «Este é o pacto que faço contigo» (Gn 17, 4). A aliança. Uma aliança que o faz ver de longe a sua fecundidade: «Serás o pai de uma multidão de povos» (Gn 17, 4). A eleição, a promessa e a aliança são as três dimensões da vida de fé, as três dimensões da vida cristã. Cada um de nós é um escolhido, ninguém escolhe ser cristão entre todas as possibilidades que o “mercado” religioso lhe oferece, é um eleito. Somos cristãos porque fomos escolhidos. Nesta eleição há uma promessa, uma promessa de esperança, o sinal é a fecundidade: Abraão, serás pai de uma multidão de nações e... serás fecundo na fé (cf. Gn17, 5-6). A tua fé florescerá em obras, em boas obras, em obras de fecundidade também, uma fé fecunda. Mas deves - o terceiro passo - observar a aliança comigo (cf. Gn 17, 9). A aliança é fidelidade, é ser fiel. Fomos escolhidos, o Senhor fez-nos uma promessa, agora Ele pede-nos uma aliança. Uma aliança de fidelidade. Jesus diz que Abraão exultou de alegria, pensando, vendo o seu dia, o dia da grande fecundidade, que o seu filho - Jesus era filho de Abraão (cf. Jo 8, 56) que veio para refazer a criação, que é mais difícil do que a fazer, diz a liturgia - veio para realizar a redenção dos nossos pecados, a fim de nos libertar. O cristão é cristão não para poder mostrar a fé do batismo: a fé do batismo é um documento. És cristão se disseres sim à eleição que Deus fez de ti, se fores atrás das promessas que o Senhor fez a ti e se viveres uma aliança com o Senhor: esta é a vida cristã. Os pecados do caminho são sempre contrários a estas três dimensões: não aceitar a eleição e “elegermos” tantos ídolos, tantas coisas que não são de Deus. Não aceitar a esperança na promessa, ir, olhar de longe para as promessas, até muitas vezes, como diz a Carta aos Hebreus (cf. Hb 6, 12; 8, 6), saudando-as de longe, e fazendo com que as promessas sejam hoje aos pequenos ídolos que construímos, e esquecer a aliança, viver sem a aliança, como se não tivéssemos uma aliança. A fecundidade é alegria, o júbilo de Abraão que previu o dia de Jesus e ficou cheio de alegria. Esta é a revelação que a palavra de Deus nos dá hoje sobre a nossa existência cristã. Que seja como a do nosso Pai: conscientes de sermos escolhidos, alegres de ir ao encontro de uma promessa e fiéis ao cumprir a aliança.

Oração pela comunhão espiritual

As pessoas que não podem comungar façam agora a comunhão espiritual.

Oh meu Jesus, creio que estás verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento do altar. Amo-te acima de todas as coisas e desejo-te na minha alma. Dado que agora não te posso receber sacramentalmente, vem pelo menos espiritualmente ao meu coração. Como se estivesses já aqui, abraço-te e uno-me totalmente a ti. Nunca permitas que me separe de ti!



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